A História do Caraça

Texto adaptado da narrativa do Documentário (DVD) "Santuário do Caraça"

  Serra do espinhaço - corrente de formações rochosas que rasgam o estado de Minas Gerais ao meio -, parte do centro-leste, ultrapassa o norte mineiro chega até a Bahia. Ao longo de toda a sua extensão naturais assume proporções bem gigantescas e de grande importância para o país.
  Localizada no contra-forte do Espinhaço é que se encontra uma de suas maiores preciosidades: A serra do caraça, local em cujas entranhas, petrificadas pelo tempo, escondem maravilhas primorosamente esculpidas pela natureza. O Caraça ainda guarda mistérios como a história da origem do seu fundador que a partir do ano de 1770 instalou uma capela e um centro de peregrinação.
  Conta uma das lendas que Carlos Mendonça Távora veio para o Brasil refugiado da corte após um atentado à vida de D. José I, rei de Portugal. Por causa dessa conspiração toda a sua família foi executada pelo Marquês de Pombal. Desse episódio restou apenas um dos Távora, que conseguiu fugir da chacina pública. Mais tarde, refugiado no Brasil, adotou o nome oficialmente conhecido: Irmão Lourenço de nossa Senhora, pela Ordem Terceira de São Francisco.
  Daquele tempo para cá, o antigo centro de peregrinações e hospedaria se transformou em uma escola e um centro de missões após o Irmão Lourenço ter feito um testamento endereçado ao rei em 1810, anos antes de sua morte. Daí em diante, várias personalidades do país estudaram no Colégio do Caraça, desde religiosos como padres e bispos, a políticos do cenário nacional como os ex-presidentes Afonso Pena e Arthur Bernardes.
Parte restaurada, hoje, museu e biblioteca  Na madrugada do dia 29 de maio de 1968, às três horas da madrugada, soou o alarme: um incêndio - causado por um fogareiro elétrico, esquecido ligado por um aluno - acaba por destruir toda a ala esquerda do prédio, onde ficavam os laboratórios de Química, Física e Farmácia. No segundo andar da ala destruída ficava a biblioteca que possuía trinta mil volumes. Destes, estima-se que foram salvos em torno de quinze mil. O colégio ficou em ruínas, o prejuízo material foi incalculável. Felizmente, não houve vítimas. Só recentemente o prédio foi parcialmente restaurado. Hoje, o Santuário do Caraça se eleva como uma significativa atração turística do país, fazendo jus a se tornar um patrimônio natural da humanidade pela riqueza do seu ecossistema.

  Depois do incêndio, a biblioteca ficou fechada e os livros guardados. Em 1990, foi feita a restauração deste prédio e trouxeram, novamente, os livros pra cá. Começamos a fazer um trabalho de pré-catalogação. Primeiro, trabalhamos com os livros raros. Foi feita uma higienização desses livros página por página e um início de restauro, isto é, a hidratação dos couros e pequenos reparos nas capas. - Vera Lúcia Garcia - Bibliotecária.

  O acervo da Biblioteca conta com 1400 volumes do século XVI, século XVII e XVIII, dentre eles, o livro "História Natural", de Plínio - o Velho -, soldado romano que viveu entre os anos 23 e 79 d.C., impresso em 1489. Na biblioteca, podem ser encontradas preciosidades como o menor livro, "Imitação de Cristo" de 1851, e o livro do Pai-Nosso Dentre as preciosidades do acervo, temos também o menor livro, de 1851- Imitação de Cristo. Também o livo do Pai-Nosso - Oratio Dominica - um livro de 1870, com o Pai-Nosso em 250 idiomas. Na página 95 está a oração em língua portuguesa.

Alto

O Início

  O parque Natural do Caraça está localizado no Estado de Minas Gerais, no contraforte da Serra do Espinhaço e localiza-se nos munícipios de Catas Altas e Santa Bárbara. As rochas da região remontam ao período pré-cambriano e a sua topografia se formou no período terciário em um movimento da crosta terrestre que levantou toda a cadeia do Espinhaço. Quando da incursão dos bandeirantes pelo interior do Brasil, na região que seria a futura Capitania das Minas Gerais, os expedicionários depararam com uma enorme cara esculpida nas pedras, razão porque deram o nome de Caraça, ao local. Pesquisadores ainda tentam explicar que o termo "caraça" refere-se ao rosto avantajado do Irmão Lourenço de Nossa Senhora, fundador do santuário.
Abençoado, o Irmão Lourenço não poderia imaginar quão longe chegaria a sua magnífica obra.

  "Na mente do fundador do Caraça, ele queria que fosse uma casa de recolhimento das pessoas e fosse uma casa de estudos. A casa de recolhimento, ele fez, fundou etc. e nós queremos conservar isto. Então, o Caraça é um pouco diferente de um hotel, de uma pousada ou de um recanto de recreio. É um lugar para onde as pessoas vêm, sobretudo, pra rezar, pra ver a beleza da paisagem natural, a beleza das coisas que Deus criou aqui e conservar também essa naturalidade da nossa vida simples. Mostrando a simplicidade das coisas as pessoas são felizes. À medida em que as pessoas se sofisticam demais, ficam muito preocupadas com o aparecer e não com o ser, as pessoas se degradam e criam um ambiente ruim. Então, a gente quer conservar conservar essa mentalidade e essa filosofia de vida de que o Caraça seja uma casa religiosa, uma casa onde as pessoas se encontrem, encontrando Deus, também, consigo." - Pe. Célio M. Dell"Amore. c.m. - Diretor do Santuário quando da gravação do documentário.

  "Após o incêndio ocorrido em 1968, o Caraça teve de buscar outras alternativas. Uma delas foi a parceria com instituições e universidades e de um amplo planejamento da atividade turística. "A proposta inicial foi ordenar o turismo porque como reserva particular o Caraça necessita do turismo para a sua manutenção. Os trabalhos iniciais foram ordenar os passeios, implantar coleta seletiva de lixo e implantar pequenas atividades educativas que vieram com a implantação do serviço de monitoria ambiental." - Consuelo Paganini - Gerente ambiental

  O Caraça é uma casa antiga na mente do fundador Irmão Lourenço de Nossa Senhora. Um personagem enigmático, inguém sabe quem é, mas parece que é Carlos Mendonça Távora, chegou por volta de 1768 e 1770 e construiu uma pequena ermida e uma casa de acolhimento. Ele vai morrer em 1819, sendo que em 1810 ele faz a doação do Caraça e todo o terrítório e da construção que ele tinha feito para D. João VI que chamou de portugal dois padres de São Vicente de Paulo para continuarem a obra do irmão que havia falecido em outubro. Os padres chegaram aqui (ao Brasil) em 15 de novembro e foram mandados pra cá em... começo de janeiro de 1820. Chegaram aqui (ao Caraça) em 15 de abril de 1820, e deram continuidade a Casa de Acolhimento da Irmandade. - Pe. Célio M. Dell"Amore. c.m. - Diretor do Santuário quando da gravação do documentário.

  Com a descoberta do ouro nas Minas Gerais, em fins do século XVII, vária vilas desenvolveram-se nas margens dos ribeirões e, grande parte do ouro extraído era enviado para Portugal e, posteriormente, Inglaterra. Em fins do século XVIII, a Coroa Portuguesa descobre, através de denúncia de Joaquim Silvério dos Reis que o grupo de jovens idealistas, influenciados pela Revolução Americana planejava uma revolta contra o Império. Os chamados Inconfidentes foram presos um a um e, o seu maior nome, Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes, foi enforcado e esquartejado em 21 de abril de 1792. Na segunda metade do séc. XVIII, a colônia brasileira passaria à condição de vice-reinado, e o ouro que começava a mostrar sinais de escassez já não era garimpado com tanta abundância. Nesse contexto histórico, um homem codinominado Irmão Lourenço de Nossa Senhora chega à Serra do Caraça por volta de 1770. E constrói, em 1774, uma ermida em homenagem a Nossa Senhora Mãe dos Homens.
Igreja no estilo neogótico  A construção da igreja em estilo neogótico foi iniciada pelo padre Julio Travellin em 1880. Quarenta operários, dentre eles indivíduos de nacionalidade espanhola e portuguesa, trabalharam na cosntrução.
  Com a chegada dos padres portugueses, o Colégio do Caraça inicia suas atividades, no começo do Ano Imperial de 1821, com quatorze alunos. Seu ensino era eminentemente humanista e tinha como base o Grego, o Latim e a Língua Pátria. Com o surto de varíola que acometeu a cidade de Mariana no ano de 1853, o Bispo D. Viçoso resolveu reabrir o Colégio do Caraça, fechado em 1842, ano de insurgência da Província de Minas contra o Imperador do D. Pedro II. É o início da idade de ouro do Caraça que passa a ser o formador do clero mineiro.

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Novos Tempos

  O caraça, administrado por brasileiros inicia em 1903, com o superiorato do padre Francisco de Paula e Silva. O padre superior reabre a escola apostólica que funcionará até o terrível incêncio de 1968.
  Graças à persistência e a dedicação dos padres, ainda podemos observar um grande acervo artístico dos séculos XVIII e XIX, um período de grandes acontecimentos, como a visita de D. Pedro II, em 1881, a construção do órgão de 700 tubos, a chegada da luz elétrica, em 1893 e a formação de grandes nomes, como os ex-presidentes Affonso Augusto Moreira Penna (15.11.1906 a 14.06.1909) [cuja carreira política teve incício após ter sido jurista. Foi Deputado Federal por Minas, em 1874 e, sendo deputado, foi Ministro da Guerra, em 1822, Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, em 1883 e 1884, Ministro da Justiça, em 1885. Nos primeiros anos da República foi Presidente da Constituinte mineira. Foi Presidente (nomenclatura da época) de Minas Gerais entre 1892 e1894] e Arthur da Silva Bernardes (15.11.1922 a 15.11.1926), cuja carreira política teve início como vereador e presidente da Câmara em Viçosa-MG, sua cidade natal, em 1906, prosseguindo como Deputado Federal (1909 a 1910) e (1915 a 1917). Além desses cargos, Arthur Bernardes foi secretário de finanças de Minas Gerais, em 1910 e presidente de Minas, de 1918 a 1922.
   Ao chegar ao Caraça, em 1881, D. Pedro II, aos 57 anos de idade, ao passar pela antiga estrada ao lado da Cascatona, teria dito: Uma das mais belas cascatas que eu conheço. Não posso descrever tanta beleza. E D. Pedro tinha razão: a visão é uma das mais belas de toda a região.
  Em 1926, contrariando os engenheiros da época, que diziam ser impossível a construção de uma estrada até o Caraça, um motorista da cidade de Barão de Cocais, senhor Minervino, constrói a estrada em local dito irrealizável. O ensinamento da escola apostólica foi orientado por professores de onze nacionalidades tais como brasileiros, portugueses, franceses, italianos, alemães, dentre outros de outras culturas. E todos contribuíram para a formação de grandes nomes no cenário político e cultural brasileiro. Na história do colégio e escola apostólica, mais de onze mil alunos passaram por suas salas. Alguns deles chegaram à Presidência da República, outros, a governança de estado. Também desembargadores, políticos e profissionais liberais.   No ano de 1994, a área de 11 233 hectares em torno do colégio se transforma em Reserva Particular.
  O Santuário do Caraça está situado a exatos 116 km de Belo Horizonte. Para ser bem preciso, esta quilometragem foi aferida partindo da recepção do Caraça ao centro do Viaduto São Francisco, na Capital mineira. O patrimônio estende-se por uma área de 11 233 ha e localiza-se numa altitude de 1390,62 m. O Santuário é uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural). O terreno é montanhoso, com altitudes que variam dos 750 m até os 2072 m do Pico do sol.
  Seu clima é ameno durante todo o ano, registrando uma temperatura média na ordem dos 15 graus centígrados. A condição do seu clima, as condições geológicas e o isolamento dos grandes núcleos urbanos favorecem a preservação da flora e da fauna, o que propicia a ocorrência de plantas e animais em risco de extinção. A vegetação predominante é de transição entre Mata Atlântica e Cerrado, surgindo, nas partes mais altas, os campos rupestres. Diuturnamente, animais raros cruzam as trilhas do parque chegando alguns, como o lobo guará, ao adro da igreja. O guará é a atração principal das noites do Caraça. Vem ao adro onde o espera uma vasilha contendo a sua ceia, aí colocada pelos padres do santuário.

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