Parque Natural do Caraça

Vigiado eternamente pelo gigante que finge dormir mas está atento a tudo o que passa na região, repousa o Santuário do Caraça, uma construção exuberante que, além de embelezar o sítio - por si só, belo -, espalha pelo local uma carga secular e envolvente de religiosidade e mistério.
O Parque do Caraça é um lugar cheio de corcovas, montes e picos agudos que apontam para o empíreo, como indicassem a morada suprema, enquanto pedem contrição e respeito nessas paragens, cujos mistérios e belezas são atributos que, certamente, não podem ser encontrados em outros lugares, nem mesmo em outros parques. Porque se outros parques apresentam alguma característica das apresentadas pelo Caraça, não têm um templo neogótico com vitrais franceses, nem altares barrocos, nem quadros pintados pelo mestre Athayde.
Fosse o Caraça composto do que foi dito até agora e já seria uma paisagem ímpar para ser visitada. Entretanto, o Caraça é muito mais!
O murmúrio das várias vertentes que sangram suavemente pelas suas encostas é música suave e divina, capaz de carregar de energia nova a mente mais cansada. A harmonia do verde conjugada com a ferrugem do leito das águas geladas dá o tom misterioso dessa paisagem ladeada por montanhas de ferro e guardadas por um gigante de aço que permanece de atalaia velando pela tranqüilidade de todos os que aí vão.
A vegetação do local e as flores de todas as estações fazem que o Caraça esteja sempre na primavera. Em qualquer época do ano, o visitante depara, por onde quer que vá, nesses onze mil hectares de harmonia, com florações típicas de montanhas, cujas manifestações, muitas vezes, passam despercebidas pelo visitante mais afoito. São flores de coloração e tamanhos diversos, algumas cujo diâmetro não passa de um milímetro.
O Caraça é um lugar suave. E essa suavidade soma-se às condições naturais e se converte numa magia que contamina os seus visitantes impregnando as suas almas de um magnetismo que os torna acessíveis e fraternos, como se aí não chegassem de pontos diversos e distantes - do país e do mundo -, mas provenientes de um lugar único e de uma família só. Assim, é que, irmanados no espírito de fraternidade e gentileza reinante entre os do lugar, todos os visitantes, integrados e solícitos, se juntam à harmonia e à disciplina desse santuário absolutamente divino para descansar, refletir e voltar para as suas casas pessoas diferentes de quando saíram, eis que, diante da magnitude de tudo o que se vê no Caraça, cada um se sente uma partícula apenas, que necessita integrar-se a fim ser melhor, de trabalhar melhor e de viver melhor.